MAGDA TORRES
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Não acredito em Natal!

Não acredito em Natal!

Não acredito em Natal!

“Falava” em silêncio José, o menino de dez anos, que repetia essa frase a mais de cinco anos no início de dezembro;

Ana sua mãe, perdera o pai, senhor Antônio, no mês de dezembro, desde então a data que deveras ser motivo de alegria e confraternização, se tornara sentimentos de angústia e saudades; E como estava a poucos dias da comemoração, religiosamente iniciou sua preparação para passar por aquele momento sem se importar, como das outras vezes.

A árvore já não era montada, os pisca-piscas, e o restante da decoração eram guardados e empilhados em cima do guarda-roupa. Ana pelo menos uma vez ao ano retirava tudo, limpava e emocionada nem sempre conseguia terminar de organizar para e essa tarefa cabia a José e sua irmã Maria, de seis anos, que não entendia o tamanho da saudade de sua mãe.

José só não esperava que neste Natal fosse surpreendido;

Júlia, uma elegante mulher que acabara de chegar à cidade, estava organizando um lindo momento, com presentes, ceia e até papai Noel.

Começara os preparativos para o grande dia, Júlia realmente estava caprichando em cada detalhe;

A árvore de quase três metros de altura e enfeites nas cores vermelha e dourado, ficava cada dia mais, linda, pisca-piscas eram testados e todas as crianças do bairro ficavam em frente à casa de eventos esperando ansiosos para ver tudo iluminado;

Em todos os lugares da cidade, só falavam dos preparativos, tudo sendo organizado com muito cuidado e carinho.

O evento beneficente contava com a ajuda de vários voluntários da empresa que seu pai Paulo trabalhava, e o gerente do seu pai havia pedido para que se possível, todos pudessem ajudar.

No terceiro dia de montagem, Paulo perguntou a José se ele gostaria de ir com ele.

Ana não gostou da ideia, ela sabia que aquilo poderia instigar o desejo de José de comemorar o Natal. Mesmo contrariando a vontade de Ana, Paulo o levou.

José, como toda criança esperta e curiosa, ficava horas, sentado em um banquinho assistindo tudo o que estava acontecendo. Seus olhos brilhavam; Ana tinha razão!

Já era o quinto dia de trabalho, e de certa forma toda essa movimentação estava de algum modo aguçando o sentimento de José, e ele começou a tratar Ana com indiferença; E ela começou a se sentir culpada por deixar que a sua dor impedisse que os seus filhos vivessem a magia do Natal. A final de contas, ela quando criança acreditara em papai Noel.

O grande dia chegou; Paulo entregou para Ana quatro senhas e falou que ela poderia jogar, caso não quisesse ir, ele não se importaria e respeitava a sua dor.

Não contendo as lágrimas, chorou desesperadamente e em seguida saiu de casa.

Paulo já estava preocupado, Ana não era de fazer isso, imagina passar horas sem dizer onde estava.

Passado algumas horas ela chegou com três presentes em mãos; José sem entender abriu o pacote e encheu os olhos de lágrimas quando viu que era a roupa que vestiria no Natal, saltitante abraçou a mãe e agradeceu. Ela pediu perdão pelos anos em que foi ausente nas comemorações e pontuou que a partir daquele dia, eles iriam comemorar todos os Natais como eles mereciam.

 

Nem sempre a sua dor é a dor do outro, nem sempre a sua alegria é a alegria do outro, mas independente do seu sentimento, permita ser luz na vida de quem você deu “à luz”.

MAGDA TORRES
Enviado por MAGDA TORRES em 20/05/2025
Alterado em 20/05/2025
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